Prazer: Eu sou Pitico

Pitico: O pequeno periquito que alugou a cortina lá de casa.

 

 

 

Por

Marcelo Miguel

Eu ainda não sabia muito bem como agir numa situação como esta.

Era um passarinho assustado no meio da rua. Não sabia voar direito.

 

Recolhemos ele numa caixa, pois estava muito agitado e fugindo para o meio da rua na direção dos carros.

Aparentemente tinha poucos dias de vida e as penas ainda estavam se formando.

 

Por ser uma pequena criatura, passamos a chamá-lo de PITICO.

Não somos favoráveis em manter animais presos, e sabemos que a orientação em casos assim não é essa, então, alimentamos o pequeno periquito e colocamos ele em nossa varanda no segundo andar, que é aberta.

 

Assim ele poderia ir embora a hora que bem entendesse.

Ele ficou ali por três dias seguidos sem fazer menção de que iria voar. Se alimentou. Ganhou forças.

 

Ganhamos a confiança dele e ele a nossa.

E quando estava se acostumando conosco e nós se acostumando com ele, PITICO voou. Foi embora.

 

Sentimos uma certa tristeza, mas também nos sentimos felizes pela pequena criatura encontrar seu caminho.

Por duas noites e dois dias ele não apareceu.

 

No terceiro dia, no final da tarde, nossa porta da sala que dá acesso para a varandá estava totalmente aberta, e de repente, eis que chega PITICO voando e se acomoda no alto do trilho da cortina da sala.

Ele ficou ali parado. Parecia cansado. Passou a noite em nossa sala. Passou a n oite sobre o triho da cortina.

 

No dia seguinte, muito cedo, chamei PITICO, ele veio em minha mão.

Comeu algumas sementes e ficou um tempo em nossa varanda.

 

Assim que passou o primeiro grupo de Periquitos gritando no alto de uma das árvores em frente a nossa janela, PITICO saiu atrás de sua turma. No entanto, novamente como no dia anterior, no final da tarde, pouco antes de escurecer, lá estava PITICO entrando pela janela de nossa sala e se alojando no alto da cortina.

 

Por pouco mais de trinta dias, o ritual se repetiu assim, dia após dia.

PITICO passava as noites em nossa cortina e durante o dia ele voava e sumia entre as árvores.

 

Era uma agradável rotina. Até que um dia, PITICO não apareceu para dormir na sala.

Uns três dias depois ele reapareceu na varanda, mas estava acompanhado de uma turminha.

Alguns dos acompanhentes já eram velhos conhecidos e frequentadores de nossa varanda.

 

Outros não estavam acostumados com esse contato.

E assim foi e assim ainda é.

 

Em janeiro deste ano completou um ano que PITICO saiu com sua turma para passear.

Ou seja. recentemente ele completou um ano de vida.

 

E agora, PITICO e sua turma passam de manhã, todas as manhãs, tomam café conosco e vão embora.

O Periquito já não vem mais na mão. Mas tudo bem, o que importa é que ele está bem, enturmado e curtindo a vida em liberdade.

 

Feliz Aniversário PITICO.

Quaquer coisa o trilho da cortina continua por aqui.

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Pitico na cortina da sala.

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Pitico e sua turma na árvore

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Pitico brincando com a câmera. O rapaz não pode ver uma câmera que ele já se transforma.

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A natureza tem sempre razão