John-John João-de-Barro

O Espião

Por

Marcelo Miguel

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John-John, o João-de-barro com pezinhos tortos. Há tres anos visitando nossa varanda.

Eu sempre chamei o sabiá de João.  João foi uma das primeiras aves a se acostumar a vir filar o café da manhã em nossa varanda. Um dia, olhei rapidamente e achei que era João ao meu lado, enquanto alimentava os periquitos, que quando chegam em turma fazem a maior algazarra.

 

Comecei a conversar com João. E ele estava ali, parado ao meu lado no balcão. Quando me virei e fui ver, não era João o sabiá. Era um joão-de-barro, que aparentemente tinha uma patinha quebrada. Mesmo assim, ele andava e voava normalmente, mas seu pezinho era igual ao pezinho de um saci-pererê. Virado para dentro. Passei a chama-lo de John-John. John-John o joão-de-barro.

 

Por muito tempo John-John veio e ainda hoje vem me visitar.

Inclusive, já trouxe seus filhos aqui também. Eu pelo menos já acompanhei três ninhadas de John-John. John-John e seus filhotes.

 

Já são três anos em que o passarinho todo dia vem até a varanda lá de casa e algumas vezes, ele se aventura entrando na sala. As vezes quando estou assistindo TV e a porta da varanda fica aberta, John-John vem caminhando pelo chão com aquela marcha característica de um João de barro. Entra sem cerimônias.

 

Outro dia, fui até a banca de jornal que fica na praça em frente ao prédio da Secretaria de Educação do Paraná (Eu moro ao lado – Sim, não estou louco, é uma banca de jornal...elas ainda existem) e quando eu caminhava pela praça vi John-John numa arvore (o pezinho torto dele é inconfundível). Assobiei e ele veio em minha direção. Pousou ao meu lado, no chão, se postou virado para mim, como se quisesse conversar. Olhei para ele e ele ficou um tempo olhando para mim.

 

Comecei então a caminhar na direção de meu edifício cortando pelos gramados da praça, e John-John foi andando comigo. As vezes ele parava para ciscar no gramado.  O passarinho andou ao meu lado por uns 300 metros, hora com passos mais largos, hora de modo vagaroso, mas sempre me acompanhando no chão.

 

Me despedi dele e subi ao meu apartamento. 15 minutos depois lá estava John-John descansando no vaso sobre a beirada da minha varanda. Ele me olhava tranquilo. Me observava em cada movimento. Me encostei no balcão, dei algumas sementes para ele e ele voou. Foi então que pensei: - Será que esse passarinho está me seguindo??? Será que estou sendo vigiado ???? Será qe foi minha esposa que mandou o passarinho me seguir???? Será que é um pássaro espião?????

 

Acho que preciso passar mais tempo com os cachorros e parar de comer alpiste....

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John-John

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João o sabiá

A natureza tem sempre razão